2 de junho de 2014

Maria Felicidade

Quem pediu pra ir primeiro? No meio da correria, Maria já estava lá no alto da roda gigante. E sorria e esgotava tristeza naquele infinito céu azul. A brisa ajudava a compor a cena e ela ficava ainda mais radiante com o movimento de seus cabelos negros, que faziam uma moldura no rosto igualmente escuro. Nunca foi de muita felicidade, mas aquele momento era só seu. Lá no alto. Na roda gigante. E olhava para cima, nunca pra baixo. E as outras crianças irrequietas já não sabiam mais o que eram as luzes da roda e o que era Maria. Ela brilhava e não tinha por que não ser assim. Mas o brinquedo cansado de picos tão altos foi ensaiando uma descida e Maria assustada fechou sua feição. As crianças a olhavam torto lá embaixo. Ela tinha furado a fila, vejam só a esperta menina. E veio ao chão suave. Mas não se fez de rogada, desceu e correu para o final da fila, na esperança que algum colega a sua frente se distraísse pra que ela pudesse tomar de novo seu lugar. Pois ela sabia que a felicidade não esperava por ninguém e todos os outros que desculpassem sua sede em ser feliz. Corre, Maria. Toma tua roda gigante e sobe o mais alto que tua felicidade puder alcançar.

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