2 de julho de 2011

Menina dos sonhos

Com os olhos fáceis ele a perseguia. Parecia que cada movimento era apenas o próximo, pois nele tudo ela significava e assim gostava. Não fazia de conta, mostrava que toda sua atenção era empregada com clareza e com um único foco: a menina dos seus sonhos. Estranho tomar todos aqueles remédios e passar a sua eternidade recluso num quarto, ora dormindo, ora sonhando acordado. Não sabia o seu nome, nem a sua idade, só sabia que a amava e isso bastava. Todos não o entendiam e achavam melhor ele parar com os devaneios. Viver a vida refém de comprimidos fazia todo o sentido. A fantasia, por assim dizer, era viva e verdadeira, o resto era mentira. A menina e nada mais. Era tudo o que ele precisava, mas ela ficava numa caixa de vidro dentro dos sonhos. E como fazê-los virar realidade? Tarefa simples, todos saberiam lidar com o fato. Deixar os medicamentos e acordar pra vida dura, ou seja, viver a mentira, segundo as regras de quem não sonha e não tem uma menina para amar. Mas só ele entendia o apego para com aquela moça. E compartilhava dos segredos que ela vinha contar toda noite, razão dos raros momentos de lucidez involuntária, entre um sonho e outro.

1 de julho de 2011

Ser

Quando se está preso, querer se libertar
E continuar a caminhar, seguir em frente
E achar outra pessoa, que te faça ser novamente
Mas fazer doer parece ser mais fácil
Querer que se destrua lento e definitivamente
Que seja doloroso e assim um ser
Que continua a ser seu

30 de junho de 2011

Se ele voltar

Quem dera ele viesse
Com palavras doces e gentis
E me pedisse pra voltar
E me pedisse pra amar

Quem dera ele viesse
Com aquela lábia impura
Com aquele tom de desejo
E pra mim mais um beijo

E então eu o veria
E aconteceria como acontece com todos
O tempo, as borboletas e os fogos de artifício
Também seriam meus

Pra mim esse tempo não pára, só anda devagar
E as borboletas estão mortas
Nem barulho, nem brilho dos fogos também
Mas quem dera ele viesse