1 de maio de 2014

Noite do Rei

Na noite do rei tudo era possível. Grandes tendas brancas eram armadas de uma ponta a outra da clareira da floresta. E o rei mandava que fosse assim. Havia uma mesa central onde comida e bebida eram apresentadas cuidadosamente e não é preciso mencionar que eram feitas com muito capricho. Gente de outros reinos se juntavam para o grande banquete de todas as noites. O rei era generoso. E qualquer sacrifício era cabível, pois todos o amavam, e ele amava a todos. E existia de tudo no reino. Cavalos eram pintados de prata, pois o rei gostava. E de branco as crianças se vestiam e faziam uma breve dança ao passar por ele. Grandes brasões de fogo enfeitavam os arredores e alguns súditos tinham a função de estátua-viva. Assim queria o rei, assim era. E todos o veneravam. Por ordem dele haviam eunucos para cuidar da rainha, mesmo com toda a classe e distinção que ela ostentava desde que era uma jovem princesa. E de todas as noites era a mesma pompa. E ninguém haveria de discordar que ele era um grande rei. E seus desejos deveriam ser atendidos. E a sede saciada. Grande homem, muito honroso. Que culpa teria de ser um rei?

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